domingo, 26 de junho de 2016

Receita #7 Torta de Bacalhau

Estava eu e a cara metade a ver um dos episódios da segunda temporada do MasterChef Brasil quando um dos concorrentes apresenta um daqueles pratos cheios de molhanga. Automaticamente a cara metade começa a salivar e diz que adora aqueles pratos e que não se importava de comer aquilo todos os dias e bla bla bla whiskas saquetas. Como eu não sou assim totalmente tapadinho (ou gosto de pensar que não sou) aquela conversa soou-me a uma indirecta muito directa, por isso anotei mentalmente que o meu próximo prato tinha de ser algo cheio de molhanga, transbordando molhanga, idealmente seria até molhanga com molhanga.
Meu dito meu feito, no dia a seguir quando fomos ao supermercado a cara metade perguntou-me o que eu tencionava fazer para o jantar. Saco do meu telemóvel e mostro-lhe a foto duma receita do livro da Bimby cheia de molhanga. É isto que eu vou fazer digo já à espera de gritos de prazer incontrolável. Outra vez um prato desses? - pergunta-me a cara metade com ar de quem snifou uma bufa-pantufa (categoria de bufa que não se ouve mas que tem a capacidade de aniquilar um pequeno vilarejo) - ainda há pouco fiz um prato parecido!
Respiro fundo para não perder a compostura. Pergunto-me o que aconteceu com o amor à molhanga? Não me ia dar por vencido. Pois, digo eu com o meu ar menos cínico de sempre (not), mas vai ter que ser porque só tenho esta receita aqui e tenho de fazer as receitas que estão no livro e não vou inventar.
É nesse momento que a cara metade saca do seu telemóvel e diz triunfante - Não te preocupes que descobri que alguém deu-se ao trabalho de fazer o scan do livro e do colocar online, por isso podemos consultar as receitas agora mesmo.
A essa pessoa que se deu ao trabalho de colocar o livro da Bimby online - espero que apanhe piolhos!
Depois de me dar por vencido (nem sei porque é que ainda tenho a ilusão que um dia posso ganhar) resolvo (ou resolve a cara metade) fazer uma torta de bacalhau.

Uma coisa que a mim sempre me intrigou é porque é que no livro da Bimby as receitas nunca são classificadas como difíceis, ou são fáceis ou médias, difícil é uma coisa que parece ser impensável de existir para a equipa da Bimby. No entanto quando depois da receita aparece uma data de fotos a explicar como executar cada passo nós ai entendemos que as coisas não vão ser fáceis. A parte de pôr os alimentos na Bimby e de os cozinhar até pode ser acessível mas na parte da construção do prato é que as coisas de certeza que vão correr mal - e foi mais ou menos o que aconteceu.

Primeiro faz-se o recheio e a cobertura. Rala-se o pão (que era um resto do pão saloio que tinha feito noutra receita) e reserva-se. Picam-se os coentros e adiciona-se manteiga, farinha, leite, sal e pimenta.
Cozinha-se a 90ºC durante 8 minutos e depois retira-se e deixa-se arrefecer.
Depois no copo limpo - e aqui agradeço à cara metade o facto de ter conseguido um segundo copo da Bimby que poupa imenso tempo nas lavagens - coloca-se alho, cebola e azeite, pica-se e refoga-se. Adiciona-se ao refogado o bacalhau bem espremido e cozinha-se 7 minutos a 100ºC. Retira-se e escorre-se. Coloca-se no copo batata, água e sal e coze-se durante 25 minutos. Retira-se e escorre-se. Nesta altura já estou a fazer um esforço hercúleo para não me perder nos passos da receita e a vociferar contra pessoas não identificadas pelo facto da mesma ser tão complicada.
Depois de se cozinhar o bacalhau e a batata voltam-se a colocar no copo juntamente com pimenta e noz-moscada e bate-se tudo.

Nesta parte é que começa a ser necessário seguir as fotos do livro.
Sobre o papel vegetal polvilha-se uma camada de pão ralado, sobre a qual se distribui a mistura de batata e bacalhau que por sua vez será barrada com o recheio que se fez logo no início. Até aqui tudo sem grandes stresses. Agora a parte do enrolar com a ajuda do papel vegetal colocando de seguida sem o papel vegetal a torta num pirex e regar com um fio de azeite é que não foi tão sem stress. Chamei logo a cara metade. Quando são situações mais complicadas gosto sempre de ter alguém a quem possa culpar caso as coisas não corram como o esperado. Vimos que a torta, primeiro que tudo, estava demasiado grande, ou seja, não havia pirex onde ela coubesse. Por isso enrolámos a dita cuja rezando sempre para que não se desmanchasse tudo, demos-lhe depois umas valentes palmadas para a condensar e finalmente num gesto de genialidade/desespero tirámos o papel vegetal e ala para dentro do pirex.

Deu um trabalhão. Mas valeu bem a pena.

Colocando o pão ralado

A mistura de batata e bacalhau

Barrando a mistura de batata e bacalhau

Barrando o recheio que tem uma cor mais esverdeada devido aos coentros

A torta já em formato torta propriamente dito

Depois do Forno

O empratamento

6 comentários:

  1. já fiz essa torta. o enrolamento final foi uma desgraça e entrei em desespero. é uma receita a banir do meu cardápio de receitas.

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    1. O enrolamento realmente tira qualquer pessoa do sério :P

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  2. Ah ah ah, nunca se consegue agradar uma mulher! :p
    Quanto à receita parece bem boa e assim à partida nem diria que tiveste problemas em enrolar! ;)
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    1. É a vantagem de se colocar fotos e não vídeos do processo :P

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  3. Haha, não te podes queixar, a crítica resultou numa torta mesmo apetitosa ;) Não vejo onde tenha corrido mal, ficou linda! Eu sou um desastre a enrolar tortas, acho que ia acabar por me irritar e barrar as camadas num tabuleiro, fazendo uma espécie de empadão. Estranho, mas um empadão :P
    'tenho de fazer as receitas que estão no livro' haha, esse desafio está a ser levado bem a sério :D Ver as receitas no telemóvel para levar os ingredientes do supermercado na hora é um ótimo uso da tecnologia :P

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    1. Realmente fazer um empadão ou uma espécie de lasanha sem massa seria uma opção mas eu tenho de seguir as instruções do livro senão adultero o desafio :)
      Para mal dos meus pecados ainda me faltam imensas receitas e cada uma mais complicada que a outra :|

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